Ministra do Trabalho desvaloriza greve geral e culpa trabalhadores pelos transtornos
A ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, voltou a atacar a greve geral de 11 de dezembro, convocada pela CGTP e UGT, numa postura que revela o desprezo do Governo pelos direitos dos trabalhadores.
Em declarações à agência Lusa, a governante teve o desplante de afirmar que "os grandes prejudicados" com a greve são "as pessoas, os trabalhadores, as famílias, as crianças e quem precisa de ir a uma consulta". Uma inversão cínica da realidade que esconde os verdadeiros responsáveis pela situação: um Governo que insiste em políticas anti-sociais.
Chantagem emocional para esconder a realidade
A ministra recorreu à velha tática de culpar os trabalhadores pelos transtornos da greve, ignorando convenientemente que a paralisação é uma resposta legítima às políticas regressivas do seu Governo. Palma Ramalho classificou a greve como "particularmente gravosa" e "inoportuna", revelando o incómodo que a mobilização sindical causa ao executivo.
Particularmente revelador foi o ataque dirigido à UGT, acusada de "perplexidade" por negociar e ao mesmo tempo convocar a greve. Como se os trabalhadores não tivessem o direito de se mobilizar quando as negociações não produzem resultados!
"Pornográfica" é a precariedade laboral
Quando confrontada com as críticas da CGTP, que classificou algumas medidas do pacote laboral como "pornográficas", a ministra mostrou-se incomodada com o "qualificativo", considerando-o "desajustado". Mas o que é verdadeiramente desajustado é um Governo que se apresenta como neutro quando na realidade serve os interesses patronais.
"O Governo não está ao lado de ninguém. O Governo está ao lado dos portugueses", afirmou Palma Ramalho, numa declaração que soa a troça quando se conhece o conteúdo da reforma Trabalho XXI e o seu impacto na precarização do emprego.
A luta continua
Apesar das tentativas de deslegitimação por parte do Governo, a greve geral de 11 de dezembro representa um momento fundamental de resistência dos trabalhadores portugueses. É a resposta organizada de quem não aceita que os seus direitos sejam sacrificados no altar do lucro patronal.
A ministra pode continuar a falar de "questões técnicas" e "ausência de preconceitos ideológicos", mas a realidade é que cada medida da sua reforma tem um impacto concreto na vida de milhões de trabalhadores. E estes não se deixam enganar por discursos tecnocráticos que escondem opções políticas claras.